Monday, 5 June 2017

Revista ESPACIOS | Vol. 38 (Nº 19) Año 2017

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         ISSN 0798 1015
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Vol. 38 (Nº 19) Año 2017. Pág. 15

Gestão de risco na cadeia de suprimentos: Análise bibliométrica da produção intelectual no período de 2000 a 2015

Risk management in supply chains: Bibliometric analysis of intellectual production in the period from 2000 to 2015

Thiago Alves de SOUZA 1; Rosane Lúcia Chicarelli ALCÂNTARA 2; Éderson Luiz PIATO 3
Recibido: 04/11/16 • Aprobado: 30/11/2016

Conteúdo


RESUMO:
Este artigo tem como objetivo realizar a
análise bibliométrica sobre gestão de risco na cadeia de suprimentos
considerando os últimos quinze anos de publicações com amostra advinda
da plataforma ISI Web of Science (WoS). Esta análise visa
primordialmente identificar quais são os autores, referências,
palavras-chave, universidades, países e journals mais frequentes na
literatura. Os aspectos metodológicos estão baseados em quatros passos,
desde as considerações iniciais, passando pela estratégia de busca,
coleta de dados e tipos de análise. Os resultados encontrados apresentam
a análise temporal, redes e clusters. Além disso, este artigo também
fornece algumas tendências de pesquisas futuras.

Palavras-chave: Gestão de risco; Cadeia de Suprimentos; Análise bibliométrica, ISI Web of Science (WoS).


ABSTRACT:
This article aims to conduct a
bibliometric analysis on risk management in the supply chain for the
last fifteen years of publications of which a sample of the ISI Web of
Science platform (WoS). This analysis primarily seeks to identify which
are the authors, references, keywords, universities, more frequent
countries and journals in the literature. Methodological aspects are
based on four steps, from the initial considerations, through the search
strategy, data collection and types of analysis. The findings show the
temporal analysis, networks and clusters. In addition, this article also
provides some future research trends.

Keywords: Risk management; Supply chain; Bibliometric analysis, ISI Web of Science (WoS).



1. Introdução

Devido à complexidade dos mercados e intensa
concorrência, as organizações estão tendo cada vez mais que desenvolver
atividades globalizadas, além de iniciar e manter relacionamentos de
longo prazo com parceiros integrantes da cadeia de suprimentos a qual
estão inseridas. As atividades de negócio desenvolvidas pelas
organizações neste ambiente expõem pontos onde as cadeias de suprimentos
são potencialmente vulneráveis à perturbações (GHADGE et al., 2013).


Interrupções na cadeia de suprimentos podem provocar
efeitos significativos sobre o desempenho das empresas (TANG, 2006;
THUN; HOENIG, 2011; AQLAN; LAM, 2016). Juttner (2005) ressalta que essas
perturbações afetam a capacidade da organização de continuar suas
operações, resultando em dificuldades de obter produtos ou fornecer
serviços aos clientes. Tais interrupções podem interromper o fluxo de
produtos e serviços, causar atrasos nas entregas para clientes e perda
de receita para as empresas cujas cadeias de suprimentos são afetadas
(BRADLEY, 2014; AQLAN; LAM, 2016).


Para que as organizações que compõem a cadeia de
suprimentos promovam a coordenação visando objetivos como satisfação do
cliente e competência sustentável, é necessário que os riscos sejam
gerenciados (FAISAL; BANWET; SHANKAR, 2006). Segundo Oliva (2016) a
análise de risco da empresa deve levar em consideração também o contexto
da cadeia de suprimentos. De acordo com Cantor et al. (2014) as
atividades de mitigação de riscos podem permitir a empresa ser mais
resiliente e ágil. Basicamente, a gestão de risco na cadeia de
suprimentos visa atenuar os impactos negativos de distúrbios externos e
gerir certos riscos internos da cadeia de suprimentos (THUN; HOENIG,
2011).


A disciplina de gerenciamento da cadeia de suprimentos
amadureceu ao longo dos anos e tem se tornado um tema de pesquisa
importante na literatura de negócios (FAISAL; BANWET; SHANKAR, 2006;
SILVESTRE, 2015). Entretanto, a gestão de risco é um tema emergente que
está em seu início, embora o tema tenha recebido cada vez mais atenção
de acadêmicos e profissionais (JUTTNER, 2005; VILKO; RITALA; EDELMANN,
2014; AQLAN; LAM, 2016; OLIVA, 2016). Nesse contexto, torna-se
interessante desenvolver estudos que possam identificar o que já foi
estudado até o momento sobre o tema. De acordo com Wang et al. (2014) a
bibliometria é uma ferramenta extremamente útil para realizar o
mapeamento da literatura em torno do campo de pesquisa pretendido.
Portanto, esta técnica fornece subsídio para desenvolvimento deste
estudo.


Este artigo tem como objetivo principal avaliar a
evolução temporal das publicações sobre risco em cadeia de suprimentos
no período de 2000 a 2015, por meio da realização da análise
bibliométrica com amostra advinda da plataforma ISI Web of Science (WoS),
de modo a responder as seguintes questões. Quais são os autores e as
referências mais citadas no campo de estudo? Quais são os autores com
maior número de publicações ao longo dos anos? Quais as instituições,
países, palavras-chave e journals mais frequentes? O que já foi
estudado?. O artigo está estruturado da seguinte forma, em primeiro
lugar apresentam-se informações gerais sobre risco na cadeia de
suprimentos e sobre análise bibliométrica. Em seguida, as considerações
metodológicas são apresentadas, e por fim, análise e discussão dos
resultados, assim como as considerações finais são destacadas.


2. Revisão Literatura

2.1 Gestão de risco na cadeia de suprimentos: visão geral

Gestão de risco na cadeia de suprimentos tem sido tema
relevante nos últimos anos, o qual diversos autores desenvolveram
variados estudos focados em variados temas como processo de recuperação
da empresa após certo incidente (NORRMAN; JANSSON, 2004); redes de
fornecedores (HALLIKAS et al., 2004); estratégias de mitigação de riscos
(CHRISTOPHER; LEE, 2004); riscos ambientais (KLEINDORFER; SAAD, 2005;
FAISAL; BANWET; SHANKAR, 2006); modelos quantitativos  e estratégias de
gestão de risco (TANG, 2006; FAHIMNIA et al., 2015; HECKMANN; COMES;
NICKEL, 2015); vulnerabilidade e risco (WAGNER; BODE, 2006; RITCHIE;
BRINDLEY, 2007); risco em cadeias de suprimentos globais (MANUJ;
MENTZER, 2008; RAO; GOLDSBY, 2009; PFOHL; KOHLER; THOMAS, 2010); risco
na cadeia de suprimentos automotiva (THUN; HOENIG, 2011; COLICCHIA;
STROZZI, 2012; BOYSON, 2014).


Verifica-se na literatura que não há definição única,
amplamente aceita e clara sobre risco (COLICCHIA; STROZZI, 2012;
HECKMANN; COMES; NICKEL, 2015). Risco na cadeia de suprimentos pode ser
definido como possível rompimento dos fluxos entre as organizações.
Esses fluxos referem-se a informações, materiais, produtos e recursos
financeiros (JUTTNER, 2005). Risco na cadeia de suprimentos também pode
ser visto como potencial de perda da cadeia de suprimentos em termos de
eficiência e eficácia provocados por acontecimentos incertos cujas
modificações foram causadas por fatos geradores (HECKMANN; COMES;
NICKEL, 2015). De acordo com Manuj, Mentzer (2008) o risco é resultado
esperado de um acontecimento incerto. Na perspectiva dos autores, tais
eventos associados à incerteza levam a exposição ao risco.


Riscos em cadeia de suprimentos podem ser advindos de
diversas fontes e contextos diferentes (OLSON; WU, 2011; CHANG;
ELLINGER; BLACKHURST, 2015). Essas fontes são variáveis ambientais,
organizacionais, ou de fornecimento, que não podem ser previstas com
plena certeza (NORRMAN; JANSSON, 2004; JUTTNER, 2005; FAISAL; BANWET;
SHANKAR, 2006; THUN; HOENIG, 2011). Rao e Goldsby (2009) criaram uma
estrutura conceitual que reflete as fontes para o risco global em
cadeias de suprimentos; (a) riscos ambientais, (b) riscos industriais,
(c) riscos organizacionais, (d) riscos relacionados à problemas
específicos, (e) riscos relacionados à problemas de tomada de decisão.


Alguns riscos ambientais que causam efeitos na cadeia de
suprimentos compreendem furacões, incêndios, tsunamis, epidemias,
ataques terroristas, crises econômicas, greves, catástrofes ambientais,
terremotos, ameaça de armas de destruição em massa, instabilidade
política (NORRMAN; JANSSON, 2004; JUTTNER, 2005; KLEINDORFER; SAAD,
2005; FAISAL; BANWET; SHANKAR, 2006; TANG, 2006; PARK; KIM, 2016).
Pode-se verificar também nas cadeias de suprimentos, os riscos
associados a perda de fornecedores, problemas de qualidade (THUN;
HOENIG, 2011). De acordo com autores como Thun e Hoenig (2011) os riscos
internos a cadeia de suprimentos são mais suscetíveis de ocorrer e
poderiam apresentar forte impacto sobre a cadeia.


Em geral, a gestão de risco na cadeia de suprimentos pode
ser vista basicamente por meio de quatro etapas principais (a)
identificação do risco; (b) avaliação do risco; (c) mitigação do risco;
(d) monitoramento do risco (HALLIKAS et al., 2004; KAYIS; KARNINGSIH,
2012; AQLAN; LAM, 2016). De maneira similar, Bradley (2014) sugere que o
processo de gestão de risco na cadeia de suprimentos segue as etapas
(a) identificação dos riscos; (b) mensuração dos riscos; (c) priorização
do risco para mitigação; (d) avaliação de táticas de mitigação de
risco; (e) implementação de táticas de mitigação.


Em geral, autores tem demonstrado crescente interesse em
estudar formas de mitigar os riscos envolvidos na cadeia de suprimentos
(CANTOR et al., 2014). Segundo Ghadge et al. (2013) a maneira de
mitigação do risco pode variar dependendo da natureza do risco, ou seja,
existe uma série de abordagens para que a organização possa planejar e
mitigar o risco da cadeia de suprimentos (CANTOR et al., 2014). De
acordo com Chang, Ellinger e Blackhurst (2015) as estratégias de
mitigação de riscos devem ser adaptadas para considerar características
singulares de diversas fontes e contextos.


De acordo com Sharma e Bhat (2014) a literatura apresenta
duas formas distintas para reduzir o risco em cadeias de suprimentos
(a) estratégias pró-ativas - são decisões e atividades destinadas para
reduzir a probabilidade de interrupções e (b) estratégias reativas -
construídas sob o princípio da recuperação da cadeia de modo a compensar
suas perdas. Além disso, não se deve analisar o risco apenas com
relação à empresa focal, mas, considerar as possíveis consequências para
todos os envolvidos na cadeia de suprimentos (NORRMAN; JANSSON, 2004;
RAO; GOLDSBY, 2009; PFOHL; KOHLER; THOMAS, 2010; THUN; HOENIG, 2011;
KAYIS; KARNINGSIH, 2012; GHADGE et al., 2013). Ressalta-se que
diferentes elos da cadeia de suprimentos estão expostos a variados tipos
de riscos (FAISAL; BANWET; SHANKAR, 2006). A gestão de riscos na cadeia
de suprimentos frequentemente envolve a identificação, análise e
controle dos riscos, além de se tornar poderosa fonte de vantagem
competitiva (MANUJ; MENTZER, 2008; THUN; HOENIG, 2011; CANTOR et al.,
2014). Cantor et al. (2014) destacam que a capacidade de resposta a
partir das estratégias de mitigação de riscos de uma empresa permite
atender mais prontamente as necessidades dos clientes, colaborando para
que a cadeia de suprimentos se torne mais robusta e ágil.


2.2 Análise bibliométrica

A bibliometria consiste no conjunto de métodos para
analisar quantitativamente a literatura acadêmica, fornecendo
ferramentas úteis na avaliação de determinado campo de investigação
(CHIU; HO, 2005; MOED, 2009). Para Moed (2002), Chiu e Ho (2005) a
bibliometria envolve análise dos aspectos quantitativos de documentos
científicos para descrever padrões de publicação em determinado campo de
estudo. Em consonância, Du et al. (2012) ressaltam que embora a análise
bibliométrica seja essencialmente de caráter quantitativo, ela
frequentemente pode gerar informações e discussões qualitativas sobre o
campo de conhecimento.


Por meio da análise bibliométrica é possível obter visão
geral da estrutura intelectual do campo de pesquisa (BAKKER;
GROENEWEGEN; HOND, 2005), além de identificar e examinar características
de publicações como autores, periódicos, países, organizações de
pesquisa, citação, palavras-chave, títulos de artigo entre outras (DU et
al., 2013). Segundo Meerow, Newell e Stults (2016) a análise de
co-citação verifica o número de vezes que dois ou mais estudos são
citados juntamente no corpo da literatura, além disso, é possível
fornecer informações sobre as origens intelectuais do campo de
investigação e identificar publicações e estudiosos mais influentes. Em
geral, o objetivo principal da análise de co-citação está na descoberta
de insights sobre padrões emergentes do campo de pesquisa
estudado (CHEN; IBEKWE-SANJUAN; HOU, 2010). A análise de co-citação
apresenta vantagens quanto à objetividade dos dados, capacidade de
detecções de padrões evolutivos (NERUR; RASHEED; NATARAJAN, 2008). Chen,
Ibekwe-SanJuan e Hou (2010) destacam que o método de co-citação mais
comum utilizado nos estudos quantitativos são as análises de documento
co-citado (Document Co-citation Analysis – DCA) que se refere à rede de referências co-citadas.


3. Metodologia

Para condução adequada da análise bibliométrica,
definiu-se o passo a passo estruturado para que seja possível apoiar
este estudo. A figura 1 apresenta a condução e realização da análise
bibliométrica. Neste estudo, propõem-se cinco passos que contemplam
desde as definições iniciais da pesquisa, as estratégias de busca, a
coleta de dados e por fim, discussão e análise.


 
Figura 1. Condução da análise bibliométrica

Fonte: elaborado pelo autor

Passo 1 – Definições iniciais

Existem diversas bases de dados em que os documentos
científicos e suas citações são armazenados (COBO et al, 2011). A base
de dados escolhida para a pesquisa foi a ISI Web of Science (WoS)
que possui cobertura multidisciplinar composta de revistas de alto
impacto. Inclui mais de 10.000 periódicos e dispõe de sete bancos de
dados de citação diferentes, com informações variadas coletadas de
diversas fontes (CHADEGANI, et al., 2013; FENG et al., 2015; SANGWAN;
MITTAL, 2015). Deve-se ressaltar que a base ISI Web of Science (WoS) é a principal fonte de dados para as análises no Citespace (CHEN, 2006; FENG et al., 2015).


Citespace tem por objetivo visualizar e analisar novas
tendências e mudanças na literatura cientifica (CHEN, 2006; CHEN;
IBEKWE-SANJUAN; HOU, 2010; COBO et al., 2011).  De acordo com Feng et
al. (2015) o Citespace tona-se útil para o estudo de dados
bibliográficos e pode ser utilizado em qualquer campo de pesquisa (CHEN,
2006). Além disso, o Citespace é capaz de responder perguntas sobre
domínios do conhecimento. Este software foi escolhido para
análise da amostra coletada, pois permite aos pesquisadores realizarem
análises diversas, como análises de co-citação, palavras-chave, cluster,
países, instituições entre outras.


Passo 2 – Estratégia de busca

Para desenvolvimento da análise bibliométrica deve-se
identificar um grupo de palavras-chave para que se inicie a busca na
plataforma ISI Web of Science (WoS). Sendo assim, optou-se pelos seguintes operadores booleanos Título: ("supply chain risk management") OR Título: ("risk in supply chain management") OR Título: ("supply risks") OR Título: ("supply chain risks") OR Título: ("supply chain disaster") OR Título: ("supply chain disruption") OR Título: ("supply risk assessment") OR Título: ("vulnerability supply chain") OR Título: ("supply chain vulnerability") OR Título: ("uncertainty supply chain") OR Título: ("supply-chain breakdown") OR Título: ("supply risk analysis") OR Título: ("mitigation supply risks") OR Título: ("supply chain disruptions") OR Título: ("supply chain risk sources") OR Título: ("risks in supply chains") OR Título: ("supply chain risk") OR Título: ("risk in supply chains") OR Título: ("risks in a supply chain").


A busca restringiu as palavras-chave associadas ao título
do artigo, pois, entende-se que as palavras mais importantes do estudo
provavelmente estão presentes nos títulos dos artigos, e também como
forma de garantir que os artigos se referiam ao tema. Optou-se por
limitar os resultados da busca para os anos de 2000 a 2015, de forma que
seja possível identificar nestes quinze anos de estudo, quais os
artigos, autores, periódicos e instituições que mais contribuíram para o
campo de estudo.


Passo 3 – Coleta de dados

O processo de coleta de dados ocorreu entre os meses de Janeiro e Fevereiro de 2016. Realizando a primeira busca na plataforma ISI Web of Science (WoS)
obteve-se o resultado de 327 publicações. Restringiu-se a pesquisa
somente para categoria de “artigos”, pois, supõe-se que na publicação de
artigos científicos os mesmos passaram por rigoroso processo de
avaliação pelos revisores das revistas. Com essa restrição
desconsiderou-se resumos, material editorial, livro, resenhas e anais de
congressos, levando a amostra em 166 publicações. Para que os dados
pudessem ser incorporados no software Citespace foi necessário
que a exportação do arquivo tenha sido realizada anteriormente. De modo
geral, a entrada de dados no Citespace é a saída dos dados da plataforma
ISI Web of Science (WoS) (FENG et al., 2015). Sendo assim, o
arquivo de extensão (.txt) com registro completo e referências citadas
foi exportado.


Passo 4 e 5 – Preparação das análises

Os caminhos de armazenamento do projeto foram designados
antes da execução do programa (FENG et al., 2015) e a versão do
Citespace utilizada foi a 4.0 R4. Optou-se por realizar análise temporal
das publicações e citações, análise de redes de co-citação de artigos.


4. Análise e discussão dos resultados

4.1 Análise temporal das publicações e citações

A amostra de 166 artigos apresenta total de 4.324
citações no período compreendido entre 2000-2015. Primeiramente, para
acompanhamento da evolução da estrutura intelectual do corpo teórico
sobre risco na cadeia de suprimentos criou-se o gráfico 1, que demonstra
o desenvolvimento das publicações em itens por ano e citações por ano.
Além disso, apresenta-se também a linha de tendência linear no que se
refere à quantidade de citações. É importante ressaltar que o impacto de
determinada publicação é avaliado em termos do número de citações
recebidas (CHIU; HO, 2005).


Analisando os primeiros cinco anos, compreendidos entre
2000-2005, verifica-se somente 7 publicações (4,2%) e 18 citações
(0,4%). No próximo quinquênio, período compreendido entre 2006-2010
temos o número de publicações crescendo para 42 artigos (25,3%) e
citações em 858 (19,8%). No último período de cinco anos analisado,
compreendido entre 2011-2015, o número de publicações aumentou para 117
artigos (70,5%) e o número de citações cresceu para 3.448 (79,7%).


Torna-se evidente que risco na cadeia de suprimentos teve
aumento substancial no número de publicações e citações ao longo dos
anos, colaborando para os argumentos de autores como Kayis e Karningsih
(2012) que destacam que a gestão de risco na cadeia de suprimentos tomou
maiores proporções tanto para academia quanto para prática nos últimos
dez anos. É possível verificar na figura 2 que a produção intelectual de
risco na cadeia de suprimentos toma força a partir do segundo
quinquênio. Verifica-se que o número de citações cresce naturalmente a
medida com que o número de publicações aumenta.


Figura 2. Panorama da evolução intelectual de risco na cadeia de suprimentos

Fonte: elaborado pelos autores

4.2 Análise de co-citação dos artigos (Document Co-citation Analysis – DCA)

A análise de co-citação permite identificar o panorama da
produção intelectual do conhecimento científico em termos de
agrupamento (CHEN; IBEKWE-SANJUAN; HOU, 2010). A rede de co-citação das
referências em risco na cadeia de suprimentos possuiu 166 registros no
conjunto de dados, considerando-se 163 registros dentro do intervalo
escolhido. As referências válidas totalizaram 5.681 cobrindo 100% da
amostra. Foram considerados 126 nós, resultando em 903 ligações. A
figura 3 apresenta a rede de referências co-citadas. Como pode ser
visualizado pela figura 3, cada nó apresentado refere-se a um artigo. A
espessura de cada anel corresponde ao número de citações recebidas em
determinado intervalo de tempo, sendo assim, um círculo grande
corresponde a uma unidade altamente citada, de referência ou autor
(CHEN; IBEKWE-SANJUAN; HOU, 2010).


Artigos que são muito citados por outros autores
provavelmente contribuíram para formação do corpo teórico sobre riscos
na cadeia de suprimentos, e desta forma são considerados altamente
relevantes. Autores como Thomé et al. (2015) destacam que o número de
vezes que um documento é citado pode indicar sua influência entre os
estudiosos. Pode-se verificar que embora tenha-se um aumento substancial
no número de publicações ocorrida ao longo dos anos, as maiores
contribuições são realizadas por um grupo razoável de autores. O quadro 1
apresenta as top vinte referências com maior número de co-citação entre
os anos de 2000 a 2015 sobre risco na cadeia de suprimentos.



Figura 3. Análise de co-citação dos artigos

Fonte: software Citespace
Quadro 1. Top 20 referências co-citadas entre 2000 - 2015 pela frequência
Autores
Título
Journal
Informações sobre o artigo
1
58
Tang (2006)
Perspectives in supply chain risk management
International Journal of Production Economics
Este
artigo analisa vários modelos quantitativos de gestão de risco na
cadeia de suprimentos. Em primeira instância o autor define quatro
abordagens para atenuar os riscos da cadeia de suprimentos: gestão de
suprimentos, gestão da demanda, gerenciamento do produto e gestão da
informação. Além disso, o autor estuda estratégias robustas para
mitigar riscos operacionais e de interrupção da cadeia de suprimentos.
2
55
Chopra e Sodhi (2004)
Managing risk to avoid supply-chain breakdown
Mit Sloan Management Review
Este artigo apresenta diversas categorias de risco, além de apresentar estratégias de mitigação.
3
52
Kleindorfer e Saad (2005)
Managing disruption risks in supply chains
Product and Operations Management
Este
artigo propõe uma estrutura conceitual que retrata as atividades
conjuntas de avaliação e mitigação de riscos que são fundamentais para
a gestão de risco de ruptura nas cadeias de suprimento.
4
43
Tomlin (2006)
On the value of mitigation and contingency strategies for managing supply chain disruption risks
Management Science
O autor cria um modelo matemático, assim como as suas restrições e apresenta algumas estratégias de mitigação de riscos.
5
43
Craighead et al. (2007)
The severity of supply chain disruptions: design characteristics and mitigation capabilities
Decision Science
Estuda
os motivos que levam a interrupção de determinada cadeia de
suprimentos ser mais grave do que outras. Os autores apresentam seis
proposições associadas a gravidade das interrupções em cadeia que
ampliam a agenda e temas de pesquisa no que tange à redução da
gravidade das interrupções. Na perspectiva dos autores todas as
cadeias de suprimento possuem certo grau de risco porque independente
da dimensão temporal essas cadeias em algum momento vão suportar
eventos imprevistos que interrompem o fluxo normal de bens e materiais.
6
42
Juttner, Peck e Christopher (2003)
Supply chain risk management outlining an agenda for future research.
International Journal of Logistics: Research & Applications
Fundamenta-se
na identificação de uma agenda para pesquisas futuras, com o objetivo
de clarificar o conceito de gestão de risco na cadeia de suprimentos.
Os autores definem o conceito de gestão de riscos na cadeia de
suprimento baseando-se em quatro aspectos básicos que são (a) fontes
de risco, (b) consequências do risco, (c) fatores de risco, (d)
redução de riscos.
7
36
Juttner (2005)
Supply chain risk management–understanding the business requirements from a practitioner perspective
The International Journal of Logistics Management
Este
artigo trata dos requisitos de negócio no que tange à gestão de risco
na cadeia de suprimentos. A pesquisa realizada identificou que 44% das
empresas respondentes acreditam que a vulnerabilidade de suas cadeias
de suprimentos devem aumentar nos próximos cinco anos.
8
35
Norrman e Jansson (2004)
Ericsson’s proactive supply chain risk management approach after a serious sub supplier accident
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management
Apresenta
como a Ericsson implementou uma nova organização com novos processos e
ferramentas após um incêndio em um sub-fornecedor.
9
31
Hallikas et al. (2004)
Risk management process in supplier networks
International Journal of Production Economics
Este
artigo versa sobre gestão de riscos no contexto de redes de
fornecedores. Os autores apresentam os tipos de riscos associados às
estruturas de redes, além disso, destacam os desafios que a cooperação
de redes trás para o gerenciamento de risco.
10
30
Hendricks e Singhal (2005)
An
empirical analysis of the effect of supply chain disruptions on
long-run stock price performance and equity risk of the firm
Production and Operations Management
Este artigo diz respeito às interrupções na cadeia de suprimentos e os efeitos nos preços das ações a longo prazo.
11
30
Hendricks e Singhal (2003)
The effect of supply chain glitches on shareholder wealth
Journal of Operations Management
Este
artigo visa estimar empiricamente o potencial de criação de valor para
os acionistas de cadeia de suprimentos. O artigo mede o efeito das
falhas da cadeia de suprimentos no patrimônio dos acionistas. As
falhas consideradas se referem a produção ou atraso de remessas.
12
29
Christopher e Peck (2004)
Building the resilient supply chain
International Journal of Logistics Management
Este
trabalho está empiricamente baseado em insights de diversas
organizações sobre identificação e gestão de risco na cadeia de
suprimentos com recomendações para criação de resiliência.
13
29
Zsidisin et al. (2004)
An analysis of supply risk assessment techniques
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management
Este
artigo dedica-se a identificar, analisar e extrair temas comuns no que
tange às técnicas de avaliação de risco na cadeia de suprimentos
14
29
Harland, Brenchley e Walker (2003)
Risk in supply networks
Journal of Purchasing & Supply Management
Este
artigo apresenta uma revisão de definições e classificações dos tipos
de risco. Apresenta-se também características associadas a crescente
complexidade em redes de abastecimento.
15
26
Wagner e Bode (2006)
An empirical investigation into supply chain vulnerability
Journal of Purchasing & Supply Management
Concentrou em investigar em detalhes a relação entre a vulnerabilidade e risco na cadeia de suprimentos.
16
26
Christopher e Lee (2004)
Mitigating supply chain risk through improved confidence
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management
Neste
artigo os autores apresentam a chamada espiral do risco. Além deste
modelo, os autores destacam formas de quebrar a espiral e restaurar a
confiança na cadeia de suprimentos.
17
26
Blackhurst et al. (2005)
An empirically derived agenda of critical research issues for managing supply-chain disruptions
International Journal of Production Research
Este artigo procura apresentar insights
sobre diversas questões associadas a cadeia de fornecimento e as
perturbações globais. Também constam no artigo informações
relacionadas à mitigação dos riscos na cadeia de suprimentos.
18
26
Manuj e Mentzer (2008)
Global supply chain risk management strategies
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management
Os
autores estudam a gestão de risco em cadeias de suprimentos globais, e
fornecem seis estratégias para gestão de risco e três moderadores.
19
24
Tang (2006)
Robust strategies for mitigating supply chain disruptions
International Journal of Logistics: Research and Applications
Visa
identificar algumas estratégias ditas robustas no que se refere à
gestão de risco na cadeia de suprimentos. Segundo o autor, essas
estratégias permitem a cadeia de suprimentos gerir de forma eficiente
independente da ocorrência de perturbações, além de tornar a cadeia
mais resistente no que se refere a grandes rupturas.
20
24
Wagner e Bode (2008)
An empirical examination of supply  chain performance along several  dimensions of  risk
Journal of Business Logistics
Objetivou fornecer informações detalhadas sobre risco na cadeia de suprimentos, além de examinar as várias fontes de risco.
Fonte: software Citespace

4.3 Análise das palavras-chave

A análise das palavras-chave podem fornecer informações
importantes sobre temas no campo de pesquisa (FENG et al., 2015; THOMÉ
et al., 2015). Além disso, a co-ocorrência das palavras-chave descreve o
conteúdo dos documentos que as compõem. A análise de palavras-chave
realizada nesta pesquisa gerou 79 nós com 510 ligações. Conforme pode
ser visto pela figura 4 os termos mais significativos pela respectiva
frequência são “performance” (50); “risk management” (49); “management” (44); “supply chain management” (37); “model” (34); “supply chain risk management” (29); “uncertainty” (28); “strategy” (28); “framework” (24).


Figura 4. Rede de principais palavras-chave

Fonte: software Citespace
A palavra-chave “desempenho” apresenta-se como uma das
mais ocorrentes nesta pesquisa. Como justificativa tem-se o uso desta
palavra realizado por diversos autores que estudaram os efeitos do risco
no desempenho da cadeia de suprimentos (TANG, 2006; THUN; HOENIG, 2011;
LAVASTRE; GUNASEKARAN; SPALANZANI, 2012). Deve-se ressaltar que a
palavra chave com maior grau de centralidade foi “supply chain management” (0.25) e “risk management
(0.19). Nota-se que o tema de gestão de risco na cadeia de suprimentos
esta inserido no domínio da gestão da cadeia de suprimentos e gestão do
risco. Esses dois domínios de atuação formam a base intelectual sobre o
tema gestão de risco da cadeia de suprimentos. A palavra-chave “model
pode ser justificada, pois muitos pesquisadores desenvolveram
diferentes modelos de gestão de riscos na cadeia de suprimentos (TANG,
2006).


4.4 Análise dos principais journals

A revista com maior frequência de publicações chama-se “International Journal of Production Economics”.
Esta revista é responsável por receber artigos com interface entre
engenharia e gestão. A segunda revista mais citada chama-se “Management Science”,
esta revista publica pesquisas científicas sobre a prática de gestão em
diversas áreas organizacionais. A próxima revista com maior frequência
chama-se “Supply Chain Management: An International Journal
publica artigos com escopo relacionado à gestão da cadeia de suprimentos
em geral. De acordo com Guraya (2013) o fator de impacto é um indicador
que quantifica o número de leitores que um periódico provavelmente
atrai. Supõe-se que revistas com maior fator de impacto possuem maior
qualidade. Em geral, o fator de impacto dimensiona o número médio de
citações que foram recebidas em determinado período. Em contrapartida, o
SJR é um indicador bibliométrico capaz de medir o prestígio ou
influência de uma revista científica (GONZÁLEZ-PEREIRA; GUERRERO-BOTE;
MOYA-ANEGÓN, 2010). De acordo com Falagas et al. (2008) o SJR consiste
na diferença das bases de dados científicos e estimação de índices. O
indicador SJR leva em conta o número de citações, assim como critérios
de qualidade para citações recebidas por um periódico (FALAGAS et al.,
2008). A tabela 1 apresenta os principais journals pela frequência.


Tabela 1. Ranking dos principais journals pela frequência
Frequência
FI
ISSN
Journal
1
261
4.959
0959-6526
Journal of Cleaner Production
2
206
2.782
0925-5273
International Journal of Production Economics
3
186
2.252
0144-3577
International Journal of Operations & Production Management
4
164
4.000
0272-6963
Journal of Operations Management
5
163
4.571
1745-493X
Journal of Supply Chain Management
6
155
2.679
0377-2217
European Journal of Operational Research
7
145
1.477
0020-7543
International Journal of Production Research
8
138
2.279
1366-5545
Transportation Research Part E: Logistics
9
111
3.962
0305-0483
Omega - The International Journal of Management Science
10
108
4.854
 1468-2370
The International Journal of Management Reviews
Fonte: software Citespace

4.5 Análise das instituições e países

A tabela 2a apresenta as principais instituições de acordo com a frequência. Destaque especial para as universidades “Massachusetts Institute of Technology”, “Iowa State University” e “Pennsylvania State University”.
Nota-se que as publicações estão dispersas por diversas instituições
sinalizando que não há notoriamente concentração de publicações em
instituições específicas. Os principais países com maior frequência são
apresentados na tabela 2b. Pode-se destacar a grande contribuição dos
Estados Unidos. Verifica-se também a semelhança em frequência de
publicações entre Inglaterra, China e Alemanha. É importante destacar
que esses países colaboram de forma significativa para o desenvolvimento
de um corpo teórico de pesquisa sobre o tema.


Tabela 2. Ranking das principais instituições e países pela frequência

  1. Principais Instituições
  1. Principais Países
Frequência
Instituição
Frequência
País Centralidade
1
5
Massachusetts Institute of Technology
71
Estados Unidos
0.55
2
5
Iowa State University
17
Inglaterra
0.18
3
5
Pennsylvania State University
16
China
0.04
4
4
University of California
15
Alemanha
0.12
5
4
Michigan State University
8
Austrália
0.12
6
4
The University of Tennessee
7
Canadá
0.00
7
4
Auburn University
7
Irã
0.00
8
4
Hong Kong Polytechnic University
6
Suíça
0.00
9
4
Cornell University
5
Índia
0.00
10
3
Georgia Institute of Technology
4
Suécia
0.00
Fonte: software Citespace

5. Tendências de pesquisas futuras

Este estudo apresenta como um dos seus objetivos
principais o fornecimento de temas de pesquisas interessantes para novos
estudos. Sendo assim, apresenta-se a seguir algumas dessas informações.
O quadro 2 apresenta das tendências de pesquisa.


Quadro 2. Tendências de pesquisa sobre gestão de risco na cadeia de suprimentos
RISCO INFORMACIONAL

Sharma
e Routroy (2016) destacam que o compartilhamento de informações pode
ser visto como uma atividade vital para cadeia de suprimentos,
contudo, de maneira oposta, pode apresentar certo grau de
vulnerabilidade e risco. Autores como Kache e Seuring (2014) sugerem a
necessidade de mais pesquisas do ponto de vista da gestão da
informação, haja vista que a troca e o fluxo de informações é vital
para as cadeias de suprimentos.
RISCO PARA CADEIA

Diversos
autores têm destacado a importância da gestão do risco na cadeia de
suprimentos não somente para empresa focal, mas também, para elos como
fornecedores e clientes (THUN; HOENIG, 2011). Da mesma forma,
Lavastre, Gunasekaran e Spalanzani (2012) destacam que uma organização
não deve ser vista isoladamente, mas sim, como parte da cadeia de
suprimentos. Corroborando neste sentido, Kache e Seuring (2014)
destacam que o fato das empresas atuarem em cadeias de suprimentos
integradas e focalizadas, existe a necessidade de utilizar a gestão de
riscos a partir de uma perspectiva holística. Rao e Goldsby (2009)
enfatizam que é necessário buscar resultado global em vez de local. Os
autores evidenciam a necessidade de identificar e reduzir a
vulnerabilidade da cadeia como um todo. Diante do contexto apresentado
surge a necessidade de novos estudos sobre gestão de risco na cadeia
de suprimentos considerando a perspectiva de empresa focal,
organizações a montante e a jusante.
ESCOLHA DOS RISCOS

Uma
determinada cadeia de suprimentos pode ser vulnerável a diversos
riscos, contudo, é preciso analisar quais riscos são mais críticos
dentro da cadeia (THUN; HOENIG, 2011). No mesmo sentido Chang,
Ellinger e Blackhurst (2015) destacam que os riscos na cadeia de
suprimentos podem ser vistos como inaceitáveis, toleráveis ou
aceitáveis. Sendo assim, as organizações devem implementar estratégias
de mitigação de riscos apenas aos quais considera importantes.
Autores como Khan e Burnes (2007) destacam a necessidade do gestor da
organização de ponderar e equilibrar os diversos interesses dos
stakeholders, em vez de tentar minimizar o risco por completo.
RISCO E SUSTENTABILIDADE
Uma
vertente que emerge como futuras pesquisas refere-se à gestão de
risco em cadeias de suprimentos sustentáveis. De acordo com Fahimnia
et al. (2015) este tema de pesquisa possui potencial para crescer e
contribuir nos próximos anos. Os autores destacam que a gestão de
risco aliada às cadeias sustentáveis será uma das áreas fortemente
estudadas futuramente.



ESTRATÉGIAS DE MITIGAÇÃO DE RISCOS

Embora
diversos estudos tenham sido desenvolvidos sobre as estratégias de
mitigação de riscos (LAVASTRE; GUNASEKARAN; SPALANZANI, 2012), é
possível afirmar que as possibilidades de pesquisa sob esta ótica não
se findaram. Autores como Chang, Ellinger e Blackhurst (2015) destacam
que há menos pesquisas que examinam a eficácia das estratégias de
mitigação de risco na cadeia de suprimentos. De maneira geral, as
organizações que necessitam entender os riscos inerentes à cadeia de
abastecimento e gerenciá-los da melhor maneira possível (KHAN;
CHRISTOPHER; BURNES, 2008).
EQUIPES DE GESTÃO DE RISCO

Autores
como Lavastre, Gunasekaran e Spalanzani (2012) encontraram evidências
empíricas e reflexões iniciais em torno da criação de equipes de
gestão de risco em determinada organização. Nesse sentido, espera-se
novas pesquisas relacionadas à gestão de pessoas no contexto de risco
na cadeia de suprimentos. A criação de cargos específicos para
assegurar a continuação ininterrupta das atividades da empresa e da
cadeia de suprimentos possui potencial para novas pesquisas.
RELAÇÃO COM DESEMPENHO
apesar
de alguns autores terem estudado a interface entre gestão de risco na
cadeia de suprimentos e seus efeitos no desempenho, este é um tema
que necessita de estudos adicionais e aprofundados que atestem
qualitativamente e quantitativamente essa ligação. Assim como afirmado
por Heckmann, Comes e Nickel (2015), o desempenho das cadeias de
suprimentos está se tornando cada vez mais incerto devido às mudanças
inesperadas. Além disso, o desempenho na cadeia de suprimentos pode
ser visto como constructo multifacetado, ou seja, que pode ser visto
sob diversos ângulos e vertentes. Pesquisas que relacionassem
estratégias de mitigação de risco com os vários tipos de desempenho,
como financeiro, mercado, operacional e o logístico seriam
interessantes. Kern et al. (2012) também ressaltam que há poucos
trabalhos empíricos que realizam a ligação entre identificação,
avaliação e mitigação de riscos com desempenho.



SEGURANÇA NA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Segurança
na cadeia de suprimentos encontra-se dentro do domínio de pesquisa
sobre gestão de riscos na cadeia de suprimentos (WILLIAMS; LUEG;
LEMAY, 2008).
Fonte: elaborado pelos autores

6. Considerações finais

Esta pesquisa visou contribuir com a literatura sobre
riscos em cadeia de suprimentos, apresentando a evolução cientifica do
tema e permitindo verificar aspectos importantes do corpo teórico
disponível até o momento. Por meio da análise bibliométrica foi possível
identificar no período de quinze anos, os artigos altamente citados,
principais palavras-chave, principais journals, instituições e países.
De modo geral o objetivo da gestão de risco na cadeia de suprimentos
consiste em identificar potenciais fontes de risco e implementar ações
adequadas visando restringir e evitar a vulnerabilidade na cadeia de
suprimentos (JIA; RUTHERFORD, 2010). Nesse sentindo, este tema emerge
como aspecto essencialmente crítico para organizações, considerando a
complexidade e dinâmica dos mercados. Embora o campo de pesquisa sobre
riscos na cadeia de suprimentos tenha despertado maior atenção nos
últimos anos, ele ainda oferece rico contexto para pesquisas futuras.


Sugere-se novos estudos com abordagens qualitativas de
modo a identificar as perspectivas de gestores da cadeia de suprimentos
de diversos setores da economia com relação à percepção de risco, o que
também é reforçado por outros autores (LAVASTRE; GUNASEKARAN;
SPALANZANI, 2012). De acordo com Kern et al. (2012) novos estudos
utilizando abordagens qualitativas são necessários para adquirir certa
profundidade no entendimento da variedade de riscos diferentes que
necessitam estratégias de avaliação e mitigação singulares. No que se
refere à abordagem quantitativa fica evidente a falta de medidas claras
quanto ao risco na cadeia de suprimentos (HECKMANN; COMES; NICKEL,
2015). Nesse sentido, recomenda-se estudos que sejam capazes de
apresentar métricas para quantificar o risco.


A análise bibliométrica desenvolvida nesta pesquisa
promoveu importante discussão qualitativa e apontou temas e caminhos de
pesquisa frente à gestão de risco na cadeia de suprimentos. Espera-se
ter contribuído com a literatura e com pesquisadores. Embora esta
pesquisa apresente visão abrangente de risco na cadeia de suprimentos
por meio de análise bibliométrica ampliada, é possível notar algumas
limitações. A principal limitação deste estudo diz respeito a utilização
somente da base de dados ISI Web of Science (WoS), que não
inclui todos os artigos que se referem a risco na cadeia de suprimentos.
Ou seja, provavelmente outros artigos do tema, possam não estar
presentes na amostra considerada devido a sua inexistência na base de
dados utilizada. Supõe-se que pesquisas envolvendo outras bases de dados
como Scopus, Science Direct, EBSCO, Emerald, ProQuest, Springer, Sage
possam colaborar para acompanhamento da produção intelectual sobre o
tema. Da mesma forma, pesquisas futuras que considerem maior amplitude
de base de dados são importantes.


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1. Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Email: thiago.adm.alves@hotmail.com
2. Universidade Federal de São Carlos - UFSCarr. Email: rosane@dep.ufscar.br
3. Universidade Federal de São Carlos - UFSCarr. Email: piato@ufscar.br

Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015

Vol. 38 (Nº 19) Año 2017
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